A democracia é um bom sistema de
governo?
Ao fazer zapping nos canais temáticos
deparei-me com um programa do canal História, “Uma história do Futuro T1-Ep 4”.
Achei tão interessante e actual que decidi transcrever algumas passagens de dois
dos vários intervenientes. Leia, sobretudo se prefere ditadura ou autocracia em
vez da democracia.
A democracia liberal está longe de
ser perfeita. É míope, lenta e frequentemente navega ao sabor dos poderes
económicos e dos meios de comunicação.
A democracia nem sempre está certa.
De facto, muitas vezes leva a situações negativas para um país. E, no entanto,
apesar de tudo, a democracia é de longe o melhor sistema de governo que
conhecemos.
Não houve no século 20 uma democracia
que tivesse enfrentado a fome, dado que as democracias respondem à dor
económica e social antes que se torne tão grave quanto uma fome poderia ser.
As democracias são muito permeáveis às
necessidades dos seus cidadãos e tendem a responder melhor do que qualquer
regime autocrático.
As democracias são sistemas
particularmente adequados e eficazes na hora de gerir a complexidade de sociedades
grandes e complexas com muitos partidos e muitas vontades. São capazes de
agregar essas necessidades e vontades de reagir e assim construir políticas
públicas efectivas, eficazes e sustentáveis.
Se todos tivessem a possibilidade de votar
teríamos políticas muito melhores que o contrário. Não é que sejamos todos
muito inteligentes, não somos, mas temos uma ideia melhor dos nossos próprios
interesses e não apenas interesses dos nossos sonhos, das nossas ideias de
futuro, do que qualquer grupo corrupto de pessoas que esteja no poder se não
tivermos uma verdadeira democracia.
Os países democráticos são, em média,
mais ricos que os países não democráticos. Têm um PIB per capita muito maior
que as autocracias e níveis de desigualdade mais baixos, o que significa que
geram mais riqueza e a partilham de maneira mais equitativa entre os seus
cidadãos. Além disso, as pessoas que vivem em democracias desfrutam de uma
maior esperança de vida e de níveis menores de violência.
De facto, nunca houve na história uma
guerra entre duas nações democráticas. Estes motivos bastariam para defender a
democracia perante as ambições de qualquer líder autocrático.
Mas claro que não é um sistema
perfeito. Na última década, a democracia falhou a muitas pessoas, mas a
história demonstra que é o sistema menos mau que conhecemos; por isso em vez de
a substituirmos por alternativas piores, o que devemos fazer é melhorá-la.
Como? Modernizando as instituições, exigindo transparência aos políticos, mas
acima de tudo participando mais nela.
Um dos grandes problemas dos anos 90
e 2000 é que criámos uma geração inteira que acredita que algures alguém ou
alguma coisa estava a cuidar da política de algum modo automatizado. Mas a
democracia depende inteiramente do povo. A democracia é menos como um
substantivo, é menos como uma coisa e é mais como um verbo, é mais como algo
que temos de fazer. E se não o fizermos isso significa que provavelmente não
existe.
A democracia é algo recente no mundo,
mas a aspiração democrática, o desejo de podermos controlar o nosso destino, de
sermos donos dos nossos próprios erros e sucessos, é tão antigo como o ser
humano.
Ao longo da história, milhões de
pessoas lutaram e morreram para conquistar esse direito. Nas ruas de Paris, nas
praias da Normandia, nos subúrbios de Tunes. Temos o privilégio de ter herdado
esse direito e agora devemos continuar a lutar por ele. Não com as armas, mas
com a nossa voz e o nosso voto.
Dr. Manuel Muñiz – Reitor da School
of Goblal & Public Affairs
Frof. Thimothy Snyder – Universidade
de Yale.
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