As vergonhas do quotidiano que este país me obriga a passar.
Há situações pelas quais passamos no dia-a-dia que mais parecem cenas retiradas de filmes de humor. Esta foi mais uma que aconteceu comigo e que mostra a pobreza de mentalidades dos gestores deste país ou município ou que dirige os cagatórios públicos.
No regresso a casa ao fim de um dia exaustivo de trabalho, acometeu-me uma enorme necessidade de urinar perto da Av. 5 de Outubro em Lisboa.
Não tendo lugar para estacionar e entrar num café e servir-me do WC, decidi ir até à estação da CP de Entrecampos, estacionar em segunda fila deixando os 4 piscas ligados e usar o WC público da estação. Público uma ova! Era, noutros tempos.
Deparei-me com uma cancela como se fosse entrar para o Metro de Londres, com uma ranhura para moedas e outra para notas para ter acesso por 0,50 € à sanita. Fiquei de boca aberta e cerrei os dentes, primeiro porque estava aflitíssimo, depois porque não queria acreditar que num local público, para o qual eu contribuo com os meus impostos para ter acesso ao WC teria que pagar para fazer uma necessidade básica de todo o ser humano. Ainda para mais quando tinha saído do carro a correr, sem dinheiro nos bolsos, carteira ou cartão VISA com uma mão a apertar o dito cujo por dentro do bolso para não molhar as calças.
Lá tive que voltar ao carro, procurar nos bolsos do casaco o troco do pequeno-almoço e voltar a correr, com a mão no bolso e todo contorcido, ao WC da estação de comboios da CP de Entrecampos. Parecia um filme cómico do tempo do cinema mudo. Paguei os 50 cêntimos, fiquei com um talão comprovativo do pagamento e lá passei a cancela. No fim, depois de um sonoro e imendo ahhhhhhhh... tudo correu bem e cheguei a casa com as calças secas.
Compreendo agora melhor o cheiro nauseabundo de urina junto aos pilares daquela estação da CP. É que os sem-abrigo não se preocupam em mijar onde quer que seja, pois não têm 50 cêntimos para estes luxos. E eu de futuro talvez faça o mesmo a menos que me dê na cabeça e compre uma autocaravana para ir e vir para o trabalho. Sempre ia tirando uma soneca nos engarrafamentos de trânsito e podia fazer as minhas necessidades se voltassem a atacar-me com aquela violencia.
Bom, e agora vou procurar a empresa gestora dos sanitários “públicos” da CP para pedir uma fatura com nº de contribuinte para entrar no IRS.
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